21 de abr. de 2015

BISTRÔ SAVOIR-FAIRE



Domingo de Páscoa, retornando do feriadão prolongado da Semana Santa, em Ouro Preto, resolvemos almoçar em Juiz de Fora, para fugir do transito intenso na BR 040 e forrar o estomago, afinal eram quase quatro horas da tarde e estávamos apenas com o café da manhã. Logo ficou evidente a mão na roda que é a internet no celular, quando selecionamos dois ou três restaurantes que estavam a nossa disposição, pelo menos em tese, pois não sabíamos se estariam abertos àquela hora.

O escolhido foi o Savoir-Faire, um bistrô selecionado aleatoriamente, com base no sugestivo nome, localizado a quase 12 km do ponto em que deixamos a BR, que só foi encontrado por obra e graça do GPS, que havia no carro. - E viva a tecnologia!  

A casa estava aberta, atendendo alguns clientes. Gentilmente fomos recebidos,  embora já houvessem servido as últimas mesas. Posteriormente ficamos sabendo que a casa não abre aos domingos, porém, por ser domingo de páscoa, resolveram fazer uma exceção e funcionar, compensando na segunda-feira. - Sorte nossa!

Savoir-Faire é uma expressão francesa, que literalmente significa “saber fazer”, e que os dicionários traduzem como “habilidade para fazer alguma coisa”, equivalente, em francês, ao “know-how” da língua inglesa. 

Grata surpresa!!! Tudo conspirava a nosso favor naquela tarde de domingo, na simpática e elegante casa da Rua Padre Café, 394, bairro São Mateus, onde o jovem chefe Gabriel Bastos, proprietário do bistrô, não apenas sabe fazer, como faz acontecer na cozinha e no salão.

Na varanda foi instalado um aconchegante deck, com três mesas em meio a plantas decorativas. Na ante-sala um lounge, guarnecido com um sofá vinho e duas banquetas de couro, propiciam uma espera agradável, antecedendo ao salão principal, com paredes pintadas em tom ocre e branco, que dão ao local  um ar intimista, próprio aos bistrôs. Cadeiras confortáveis guarnecem mesas amplas, demonstrando a preocupação do proprietário com o conforto dos comensais.



Ponto positivo para a casa, até porque, em minha opinião, a avaliação de um restaurante começa não apenas pela decoração agradável, mas pelo conforto das cadeiras, propiciando ao cliente sentir prazer de ficar a mesa e apreciar a comida, que se for boa, melhor ainda.  

Considerando o adiantado da hora e a fome que queria nos matar, abrimos mão do couvert composto por uma cesta de pães artesanais, manteiga com flor de sal, geléia de frutas, azeitonas aromatizadas e tomates cozidos e fomos direto ao vinho. Quer dizer, fui direto ao vinho, até porque quem iria pilotar até o Rio de Janeiro seria a minha companheira de viagem, que ficou no suco de frutas mesmo.

A carta de vinhos modesta, mas bem selecionada, considerando que não sou especialista na questão de vinhos, me deixou em duvida, então fui num chileno, do Valle Del Maipo, o que dificilmente pode dar errado, um Gran Tarapacá Cabernet reserva 2013, com bom preço e de boa cepa, o que se mostrou uma ótima pedida, considerando que estava com o tanque abaixo do nível e precisava reabastecer para encarar o resto da viagem. Aliás, a pedida se mostrou excelente, porquanto já havia escolhido o prato, no cardápio enxuto e selecionado, apresentado num tablet pela atenciosa garçonete.

 Na realidade, ao pedir o vinho eu já antevia o que nos esperava a noite, na altura da Fazenda Inglesa, em Petrópolis, um mega engarrafamento para chegar até Magé, que consumiu mais de 2 horas e boa parte do nosso bom humor. Não fosse o Savoir-Faire e aquele chileno providenciais, certamente teríamos ido dormir em Itaipava ou Petrópolis, para seguir viagem na manhã seguinte.



Mas vamos ao principal. O prato que selecionei foi canard sous-vide. E o que vem a ser esse prato, que não a coxa e sobre coxa da simpática ave, da família dos anatidae, cozidas lentamente, por longas horas, sob baixa temperatura, a vácuo, para manter a umidade, a temperatura e o sabor dos ingredientes. Acompanham este prato uma delicada mousseline de batatas e um molho de laranjas frescas. Uma criativa releitura do clássico pato com laranja da culinária francesa, em que o chefe demonstra o domínio da melhor técnica de cozimento da clássica culinária francesa.




Glória optou pelo frango de Parma, que consiste em um peito de frango empanado em massa crocante, levemente úmido, recheado com Parma e queijo gruyère, ao molho de manga, servido com um agradável risoto de tomates assados, mussarela de búfala e basílico frescos. 

Sobre esse prato, vale assinalar a criatividade do chefe, que repaginou, com rara felicidade, o antigo e batido supreme de frango tão comum nos mais tradicionais restaurantes do Rio de Janeiro e de São Paulo, envolto em uma milanesa grosseira e recheado com presunto cozido, muitas vezes coberto com indecifrável molho de queijo parmesão. Provei e aprovei a versão repaginada do chefe Gabriel.             

E o preços, você perguntará. Bem, o preço muito justo, na faixa dos R$ 40,00 (quarenta reais) cada prato, o que, considerando a qualidade e o requinte na elaboração dos pratos, justifica uma visita, para testar outras delicias que estão no cardápio.

O temporal que ameaçava desabar sobre a cidade antecipou a nossa saída, então dispensamos a sobremesa e nos despedimos do chefe, prometendo retornar breve.

Abaixo, alguns pratos que chamam a atenção no cardápio.



 SALMÃO
Salmão grelhado, acompanhado por mix de folhas, frutas e queijos com molho de iogurte trufado.

BACALHAU
Lombo de bacalhau confitado, servido com arroz de camarões e batatas coradas.

RISOTO AL MARE
Risoto de frutos do mar 

FILÉ
Tournedor de filé mignon grelhado ao molho suave de dijon, acompanhado por risoto de Camembert e crocantes de parma.

CORDEIRO
French Rack de cordeiro Prime, com risoto de gorgonzola, pêra e nozes.





BISTRÔ SAVOIR-FAIRE
Rua Padre Café, 394 – São Mateus
Juiz de Fora – MG
Tel 32) 3216-1831