KOKO, UM APLICATIVO CRIADO A
PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA NO CENTRO DE TECNOLOGIA MIT, QUER AJUDAR AS PESSOAS A
SUPERAREM ALGUM PROBLEMA
Robert
Morris cresceu no coração do Vale do Silício, a apenas algumas ruas da famosa
garagem começou a desenhar o que seria seu primeiro computador. Mas tecnologia
não era exatamente a paixão de Morris. O que realmente importava para ele era a
mente humana. Após se formar em psicologia em Princeton, ele foi fazer mestrado
no MIT para descobrir como levar ajuda psicológica ao maior número de pessoas possíveis
- até então, sua falta de habilidade em ciência da computação impedia qualquer
projeto nesse sentido de seguir adiante.
Mas
ele começou a ficar frustrado à medida que suas ideias sempre eram barradas no
início por erros de programação. "Eu pensava: sou um programador terrível.
Nunca vou sobreviver no MIT". Foi então que descobriu o Stack Overflow, um
site de programação. Quando ele tinha um problema técnico, fazia um post e, em
algumas horas, alguém respondia, dizendo o que ele deveria fazer. "Se uma
plataforma pode me ajudar a consertar bugs em meu código, porque não posso
ajudar a consertar bugs no meu modo de pensar?", refletiu Morris
rapidamente.
Ele
então construiu a Panoply, rede social experimental que foi a base de sua
dissertação no MIT. Lá, 166 voluntários foram convidados a participar de uma
rede social para combater um sentimento depressivo. Comparando um Facebook ao
Panoply, no lugar em que o primeiro pergunta: O que você está pensando?, o
segundo pergunta: O que há de errado? O usuário da Panoply é estimulado a
descrever o que aconteceu (por exemplo, uma demissão do emprego) e, em seguida,
tentar quantificar o quanto isso lhe causou tristeza. O objetivo é articular
esses pensamentos em "voz alta" para que outras pessoas na rede
social possam ajudar o usuário a resolver "os bugs" de seu
pensamento.
"Algumas pessoas entram em uma espiral decrescente quando são demitidas,
enquanto outras são resistentes e conseguem voltar firmes. A maior diferença
entre esses dois tipos de pessoas é que eles mentem em suas interpretações
sobre o que de fato ocorreu", analisa Morris. Com o Panoply, Morris
defende que outros usuários podem ajudar o primeiro grupo a interpretar melhor
o que houve. A rede também acaba qualificando as respostas, em um sistema de
votação, e controlando para que o post do usuário não sofra abusos, como o que
ocorreu no caso do aplicativo Secret. A ideia é ajudar os usuários olharem os
problemas sob uma nova perspectiva e, assim, que eles consigam controlar a
ansiedade e outros sintomas.
Passado
o período de testes e a conclusão do mestrado, Morris agora trabalha para
transformar o Panoply em um aplicativo para iPhone, chamado de Koko, que ele
afirma estar disponível ainda este ano. Ele acha que o mobile pode ser a melhor
plataforma para desenvolver a rede porque, segundo argumenta, o maior desafio
de quem quer ou precisa receber ajuda psicológica é manter o engajamento.
"Para ser um conselho produtivo ou criar um caminho de recuperação, é
preciso praticar, assim como nós fazemos dieta ou exercícios", afirmou.
"Um aplicativo poderia engajar as pessoas a usarem o Koko ao longo do dia,
gastando regularmente alguns minutos para praticar o pensamento positivo.