11 de mai. de 2015

FACEBOOK PARA DEPRESSIVOS

KOKO, UM APLICATIVO CRIADO A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA NO CENTRO DE TECNOLOGIA MIT, QUER AJUDAR AS PESSOAS A SUPERAREM ALGUM PROBLEMA




Robert Morris cresceu no coração do Vale do Silício, a apenas algumas ruas da famosa garagem começou a desenhar o que seria seu primeiro computador. Mas tecnologia não era exatamente a paixão de Morris. O que realmente importava para ele era a mente humana. Após se formar em psicologia em Princeton, ele foi fazer mestrado no MIT para descobrir como levar ajuda psicológica ao maior número de pessoas possíveis - até então, sua falta de habilidade em ciência da computação impedia qualquer projeto nesse sentido de seguir adiante. 
Mas ele começou a ficar frustrado à medida que suas ideias sempre eram barradas no início por erros de programação. "Eu pensava: sou um programador terrível. Nunca vou sobreviver no MIT". Foi então que descobriu o Stack Overflow, um site de programação. Quando ele tinha um problema técnico, fazia um post e, em algumas horas, alguém respondia, dizendo o que ele deveria fazer. "Se uma plataforma pode me ajudar a consertar bugs em meu código, porque não posso ajudar a consertar bugs no meu modo de pensar?", refletiu Morris rapidamente. 
Ele então construiu a Panoply, rede social experimental que foi a base de sua dissertação no MIT. Lá, 166 voluntários foram convidados a participar de uma rede social para combater um sentimento depressivo. Comparando um Facebook ao Panoply, no lugar em que o primeiro pergunta: O que você está pensando?, o segundo pergunta: O que há de errado? O usuário da Panoply é estimulado a descrever o que aconteceu (por exemplo, uma demissão do emprego) e, em seguida, tentar quantificar o quanto isso lhe causou tristeza. O objetivo é articular esses pensamentos em "voz alta" para que outras pessoas na rede social possam ajudar o usuário a resolver "os bugs" de seu pensamento.

"Algumas pessoas entram em uma espiral decrescente quando são demitidas, enquanto outras são resistentes e conseguem voltar firmes. A maior diferença entre esses dois tipos de pessoas é que eles mentem em suas interpretações sobre o que de fato ocorreu", analisa Morris. Com o Panoply, Morris defende que outros usuários podem ajudar o primeiro grupo a interpretar melhor o que houve. A rede também acaba qualificando as respostas, em um sistema de votação, e controlando para que o post do usuário não sofra abusos, como o que ocorreu no caso do aplicativo Secret. A ideia é ajudar os usuários olharem os problemas sob uma nova perspectiva e, assim, que eles consigam controlar a ansiedade e outros sintomas.

 






Passado o período de testes e a conclusão do mestrado, Morris agora trabalha para transformar o Panoply em um aplicativo para iPhone, chamado de Koko, que ele afirma estar disponível ainda este ano. Ele acha que o mobile pode ser a melhor plataforma para desenvolver a rede porque, segundo argumenta, o maior desafio de quem quer ou precisa receber ajuda psicológica é manter o engajamento. "Para ser um conselho produtivo ou criar um caminho de recuperação, é preciso praticar, assim como nós fazemos dieta ou exercícios", afirmou. "Um aplicativo poderia engajar as pessoas a usarem o Koko ao longo do dia, gastando regularmente alguns minutos para praticar o pensamento positivo.