29 de mar. de 2018

PARATY DE TODOS OS SABORES, PERFUMES E CORES - A CIDADE CRIATIVA PARA A GASTRONOMIA DA UNESCO

Paraty na linguagem indígena significa "peixe de rio" ou "viveiro de peixes". Esse era o nome que os índios Guaianás, que habitaram a região davam ao local onde hoje se localiza a cidade de Paraty.  Essa denominação se justificava em razão de de ali existirem grandes viveiros de Paratis, peixes da família das tainhas (Mugil Brasiliensis), que durante o inverno subiam os rios, que desembocam na baía, para desovar e procriar antes de retornarem ao mar.

Originalmente grafava-se Paratii, com dois "is", grafia essa mantida  durante o período da colonização e que perdurou até o século XVIII, quando surgiu a grafia com "y", mantida em uso até o ano de 1943. Após o advento da Convenção Ortográfica Brasil-Portugal, que suprimiu de nosso alfabeto a letra "y", essa grafia foi oficialmente abolida. A despeito disso, a população local continuou a utilizar a grafia com "y". Em 1972 um projeto de Lei propôs se adotar como oficial a forma ortográfica grafada com "y", projeto esse o qual, entretanto, foi rejeitado sob argumento de que não se poderia impor a outras cidades histórica uma grafia antiga. Oficialmente, consagrada pelo consenso histórico a comunidade manteve a grafia de Paraty como se conhece hoje.
A Paraty cosmopolita, que se sofisticou sem jamais perder sua regionalidade e o ar de vila provinciana,  está plantada aos pés da Serra do Mar, na Costa Verde, na belíssima região que liga o litoral sul do Estado do Rio ao norte de São Paulo. 

Nos primeiros anos do século XVI, os portugueses já conheciam a trilha aberta pelos Guaianás (Trilha dos Goianás) ligando as praias de Paraty ao Vale do Paraíba, para lá da Serra do Mar. No entanto,  o primeiro registro escrito sobre a região da atual Paraty é o livro do mercenário alemão Hans Staden, “História verdadeira e descrição de um país de selvagens…” (Marburgo, 1557), que narra a estadia deste por quase um ano em aldeias Tupinambás nas regiões de Paraty e de Angra dos Reis. No entanto a primeira notícia que se tem de Paraty como um povoado é contemporânea a passagem da expedição de Martim Correira de Sá, no ano de 1597.

O núcleo de povoamento iniciou-se no morro situado à margem do rio Perequê-Açu (depois Morro da Vila Velha, atual Morro do Forte). A primeira construção de que se tem notícia é a de uma capela, sob a invocação de São Roque, então padroeiro da povoação, na encosta do morro. 
O aldeamento dos Guaianás localizava-se à beira-mar. Em 1636, Maria Jácome de Melo fez a doação de uma sesmaria na área situada entre os rios Perequê-açu e Patitiba (atual rio Mateus Nunes) para a instalação do povoado que crescia, com as condições de que os indígenas locais não fossem molestados e de que fosse erigida uma nova capela, sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios. Essa sesmaria corresponde à região do atual Centro Histórico da cidade.

Paraty se tronou um lugar de múltiplos sabores, onde a culinária francesa se encontra despretensiosamente com o sotaque mineiro e a exótica culinária indígena. Vila que se transformou em cidade onde a banana da terra vira iguaria sofisticada pelas mãos dos chefs locais e a  cachaça dos alambiques pinga em cafés e arde em peixes flambados nos diversos restaurante da região. Essa é a Paraty de todos os sabores, perfumes e cores, cuja gastronomia diversificada envolve uma cadeia que passa por produtores, cozinheiros, restaurantes, moradores e turistas. Não à toa, em 2017, Paraty recebeu o título de Cidade Criativa para a Gastronomia da Unesco, selo que valoriza e incentiva a cultura e a economia locais.
Essa é Paraty  de tanta História, cultura, beleza e tão bons restaurantes. Deitada a beiramar, aos pés da Serra do Mar e junto a baia de Angra dos Reis, com sua dezenas de ilhas e encantadoras paisagens, a cidade viu o tempo passar por suas estreitas ruas de pedras, fazendo lembrar as vozes dos mascates e dos aventureiros do ciclo do ouro, que vinham de Minas pela trilha do ouro, ao som triste das chibatas embalando os escravos que desembarcavam em suas praias, culminando com o transitar incessante de turistas com suas câmeras documentando suas belezas arquitetônicas, sua história e sua gente. 

A Paraty dos alambiques que produzem as famosas cachaças da região.  O mais antigo em funcionamento foi fundado no século XIX. No século XVIII o número de engenhos na região chegou a 250, tornando Paraty sinônimo de cachaça boa. 

Sair ao fim da tarde pelas ruas históricas de Paraty observando o vaivém de sua gente, o casario colonial e as pedras típicas do calçamento, assim como a invasão das ruas pela maré nos dias de lua cheia, é uma rica experiência. Mas há muito mais a se descobrir na cidade. Criatividade não falta. Principalmente, quando o assunto é a boa mesa.
O tradicional café coado no caldo de cana — sem açúcar ou adoçante, hábito comum nas roças da região, ganhou ares modernos. O café com cana é preparado na mesa, em frente aos clientes, em um coador especial — a estrutura de ferro foi criada por um ferreiro local, e o pano, confeccionado por uma costureira da cidade. Para acompanhar, doces feitos de marzipã, iguaria trazida na bagagem pelos portugueses, muito consumida pelos caiçaras. E o tradicional café pingado ganhou uma versão, digamos, mais ousada: o leite dá lugar à cachaça local. Para completar, chantilly e geleia caseira de gengibre.

Descobrir a rica gastronomia de Paraty é um prazer que aguça a curiosidade a cada esquina, a cada ruela calçada com "pé de moleque", a cada casarão centenário do centro histórico.  São inúmeras as opções de bares e restaurantes que oferecem o melhor da gastronomia internacional, bem como delícias da cozinha caiçara com sua fartura de peixes, frutos do mar e a clássica banana da terra em variadas versões.

A dez minutos de carro do Centro Histórico, com acesso no trevo da BR 101 fica a Estrada Paraty-Cunha, com suas fazendas. alambiques, pousadas e restaurantes sofisticados.

SERVIÇOS LOCAIS

Febre amarela: quem ainda não estiver imunizado contra a febre amarela, deve atentar para a importância de se vacinar no mínimo dez dias antes da chegada à Costa Verde, devido aos vários casos da doença detectados na região.

COMO CHEGAR: de carro. Do Rio até Angra dos Reis, pela Rio-Santos (BR-101), são cerca de 150km. Até Paraty, 243km.

Ônibus. Pela Costa Verde (costaverdetransportes.com.br), a tarifa custa R$ 55,40, até Angra, e R$ 79,20, até Paraty. A Reunidas (reunidaspaulista.com.br) e a Útil (util.com.br) ligam cidades de SP e Minas a Angra e Paraty.

ONDE COMER
PARATY

Academia de Cozinha & Outros Prazeres. Rua Dona Geralda 288. Valor das aulas sob consulta. Tel. (24) 3371-6025.

Alquimia dos Sabores. Estrada Paraty-Cunha Km 5, casa 5

Banana da Terra. Rua Dr. Samuel Costa 198. facebook.com/restaurantebananadaterra

Café Pingado. R. Dr. Samuel Costa 11. cafepingado.com

Casa do Fogo. Rua Com. José Luiz 404. casadofogo.com.br

Gastromar. Marina Porto Imperial, BR 101, km 578,5. gastromarparaty.com

Le Gite D’ Indaiatiba. Rodovia Rio-Santos km 562, Graúna.Tel. (24) 99999-9923

Tubarão Drink’s. Praia de Dentro, Ilha do Araújo. 

Villa Verde. Estr. Paraty-Cunha Km 7, Ponte Branca. villaverdeparaty.com.br

Voilà Bistrot. Estrada Paraty-Cunha Km 4. pousadacaminhodoouro.com.br/site/home

Refúgio Restaurante Lounge Café - Restaurante de frutos do mar com sabores brasileiros e europeus, em casa elegante com vistas do mar, serras e casas coloniais. Endereço: Praça da Bandeira, 4 - Centro Histórico, Paraty - RJ, 23970-000

Restaurante do Hiltinho - Restaurante de frutos do mar, grelhados e cachaças da região, em clima clássico e elegante de casarão colonial. Endereço: R. Mal. Deodoro, 233 - Centro Histórico, Paraty - RJ, 23970-000 e na Ilha do Algodão.

Margarida Café - Cozinha de bistrô e toque brasileiro com forno a lenha, jardim de inverno e música ao vivo também no almoço. Endereço: Praça do Chafariz - R. Cel. José Luiz - Centro Histórico, Paraty - RJ, 23970-000 

ONDE FICAR
PARATY

Le Gite D’Indaiatiba. Rod. Rio-Santos Km 562, Graúna. legitedindaiatiba.com.br

Estalagem Solar Real. Estrada Paraty-Cunha km 5, casa 5, Ponte Branca. Tel. (24) 3371-2077. 

Pousada Literária - Rua do Comércio 362. pousadaliteraria.com.br/pt-br

Pousada Tubarão - Ilha do Araújo. Tel. (24) 99818- 9476.

Pousada Arte Urquijo - Endereço: R. Dona Geralda, 79 - Centro Histórico, Paraty - RJ, 23970-000 - Telefone: (24) 3371-1362

Pousada Porto Imperial - Endereço: Rua Tenente Francisco Antônio, S/Nº, Paraty - Telefone: (24) 3371-232

PASSEIOS

PARATY

Fazenda Bananal. Visita à agrofloresta, R$ 50 (1h); passeio completo de carro (2h), R$ 100; observação de pássaros, R$ 50. Estrada da Pedra Branca. http://www.fazendabananal.com.br/

Alambique Coqueiro. Visita gratuita, com degustação de cachaça. BR-101, Km 582.cachacacoqueiro.com.br

Cachaça Maria Izabel. A 8 kms do Centro de Paraty. No Corumbê. mariaizabel.com.br

Ilhas e praias da baia de paraty - barco Conquista. Saídas: canal junto a praça de Paraty.

O Lavandário - Estrada Paraty /Cunha - Rodovia SP-171, Km 54,7 - Boa Vista - Cunha - Tel (11) 983347172



Fonte: O Globo/Boa Viagem/Dennis Kuck
             Paraty.com.br/história.asp