28 de nov. de 2016

VOCÊ SABE QUEM FOI REINALDO ARENAS?

 - NÃO?... ENTÃO LEIA O LIVRO "ANTES QUE ANOITEÇA" E SAIBA QUEM FOI O VERDADEIRO FIDEL CASTRO, QUE IMPLANTOU O IMPIEDOSO REGIME COMUNISTA EM CUBA, QUE A MÍLITÂNCIA ESQUERDOPATA INSISTE EM ESCONDER DO MUNDO. 

O relato de um cubano sobre a vida em Cuba. A descrição que o mundo quer calar para que uma caricatura se mantenha viva.
REINALDO ARENAS foi um literato Cubano que nasceu em 1943 e morreu em 7 de novembro de 1990.

Este texto tem a missão de relatar por suas vistas socialistas e cubanas aquilo que o próprio Reinaldo viveu sob a ditadura comunista de Fidel Castro. A base para este texto-relato é a própria autobiografia - Antes que anoiteça - de Reinaldo. Vocês perceberão que não usarei de nenhuma citação direta da obra, não porque não deva fazê-la, mas por opção, tendo em vista que o intuito deste texto é instigar-vos a ler o texto na íntegra sem que ocorra nenhum patrulhamento ideológico ou citações literais. É minha intenção, também, fazer minha própria resenha com aquilo que me chamou mais atenção no texto; todavia, isto não significa que inventarei ou exagerarei os fatos por ele apresentado, algo que facilmente será visto por aqueles que visitarem a obra em questão.

Não reescreverei o livro, sendo assim, obviamente, haverá relatos não citados e partes que muitos considerarão importantes as quais não farei referência, entretanto, trata-se de uma resenha que possui um objetivo, isto é: relatar a Cuba descrita por um Cubano homossexual (Reinaldo Arenas). Assim sendo, poderá, para alguns, ser uma resenha diminuta e parcial, é um risco que corro, mas que não me envergonha e nem desanima tais julgamentos posteriores em vista da importantíssima riqueza desveladora que jaz na obra em si. O que farei aqui será doar de forma introdutória a vocês aquilo que de forma completa está no livro em questão. Estas são MINHAS impressões sobre esta obra, obra que fez as MINHAS opiniões mudarem, mas, de forma alguma, me dignifiquei a mudar aquilo que Reinaldo expôs. Que este texto seja a sede para que vocês bebam direto da fonte da obra.

Reinaldo Arenas inicia seu relato mostrando o contexto de sua família. Garoto pobre nascido numa família grande, ele viveu sempre rodeado de brincadeiras contextuais à sua época e num forte contato com a natureza e o sincretismo religioso, uma mistura do catolicismo com as formas ancestrais de religiões locais. Logo na pré-adolescência ele relata suas “brincadeiras” sexuais com um primo, o que marca-o para toda a vida. Na adolescência ele assumiria o homossexualismo, entretanto, ainda de forma escondida, mas firmemente assimilada de forma interna. 
Quando jovem ele se alista no exército de Fidel com a esperança de novos ares para a Cuba reprimida sob o julgo de Fulgêncio Batista (Ditador Cubano anterior a Fidel), mas também como uma forma de fuga de sua cidade, que é em demasia pacata e oprimida. Dizia Arenas que cria ser o socialismo uma forma mais aberta e arejada de lidar, por exemplo, com o homossexualismo e a miséria. Acreditou com suas forças na utopia que Fidel pintava. Entretanto, logo ao chegar aos trancos no exército haveria de se decepcionar.

Sua juventude foi dividida entre dois tempos: o tempo da opressão militarizada de sua época de guerrilha e o da perseguição policial em sua época de fugitivo e homossexual assumido. Logo após se entrincheirar com seus camaradas no exército de Fidel, conseguiu perceber que aquele movimento revolucionário era muito mais opressor do que ele podia um dia, em pesadelo, imaginar. 

Entre os vários relatos de mortes sanguinárias, ele esmiúça em detalhes, e de forma assustadora, os fuzilamentos sem julgamento algum feito pelos guerrilheiros de Fidel. Algo que segundo seus relatos eram diários, e os poucos julgamentos que houvera era tão somente de fachada, ou seja, meros teatros que apenas sentenciavam o que já, previamente, havia sido promulgado pelo senso revolucionário dos comunistas.

Após a vitória dos revolucionários começou a reestruturação comunista na ilha, empresas sendo amplamente estatizadas e escolas sendo organizadas para se tornarem antros de doutrinações marxista-leninista. Entre os muitos fatos por ele apresentados, destaca-se a verdadeira forma militarizada dos tratamentos dados aos alunos: de castigos físicos às técnicas militares de guerrilha, viviam em constante apreensão como se a qualquer momento pudesse estourar uma bomba aqui ou haver uma traição acolá. Segundo Arenas o ensino superior era extremamente falho e incompetente, em certo momento ele aponta engenheiros que se formavam sem saberem no mínimo cálculos básicos que um estudante de ensino médio saberia. 

Mas, e a doutrina marxista-leninista? Isto se explica, para Reinaldo, pela preocupação que havia em formar guerrilheiros e não profissionais para um novo país, na cabeça dos revolucionários haviam ameaças constantes de traição ou/e invasão dos “imperialistas”, a saber: os Americanos. Por isto julgavam ser mais importante um soldado do que um professor, ser mais importante um bom atirador do que um bom engenheiro. O autor conta-nos também sobre as palestras intermináveis de Fidel e as, também intermináveis, palestras gravadas de Lênin e Stalin.
Aliás, Reinaldo aponta que Fidel era quase um adorador da URSS, sua obediência poderia ser considerada religiosa, se não fosse o fato de ser ateu. Durante um tempo, Arenas, trabalhou para o governo como cortador de cana, apesar de sua formação superior. 

Não aguentando mais este sistema opressor em que jazia sua vida, ele deserta. Começa a viver de seus escritos e poemas, o que conseguiu fazer, durante um tempo trabalhando em uma biblioteca, em certa legalidade graças as amizades no alto escalão do governo; passa a não esconder mais sua homossexualidade, o que tornará sua vida um verdadeiro inferno, pois seus casos amorosos são numerosos e acabam e surgir em meios aos burburinhos sociais.

Seus escritos começam a incomodar o partido e a perseguão inicia-se. Ele perde seu emprego na biblioteca, o que viabilizava sua produção literária, e também é denunciado como sendo um homossexual — sua vida promiscua torna-se largamente conhecida em Havana. O homossexualismo é um crime passível de prisão e, em alguns casos, de morte na Cuba comunista, diz ele. Não raro ele nos conta como muitos homossexuais foram levados para campos de trabalho forçado — os Gulags caribenho — ou, sem mais nem menos, apareciam sem vida boiando no mar, sem que a polícia se movesse para investigar a morte, que muitas vezes eram causadas pelos próprios poderes policiais, afirmava nosso autor. 

Em um dos relatos mais emocionantes da obra, que ele conta-nos em fatos crus, se trata da perseguição ferrenha a ele e a seus amigos homossexuais, algo desumano e assustador. Os homossexuais mais extravagantes, diz ele, eram obrigados a utilizar coleiras, pois assim era possível aos policiais colocarem ganchos sem precisar tocar neles, como se fossem doentes contagiosos ou animais violentos.

O próprio Reinaldo foi preso inúmera vezes e o seu relato da prisão talvez seja, também, uma das mais instigante passagens da obra. Se achamos que nossas prisões brasileiras são desumanas, o que diria vocês sobre prisões em uma espécie de masmorra, onde diariamente policiais viriam dar-lhes surras intermináveis — como se o ambiente não fosse, per se, degradante. As pressões psicológicas eram intermináveis, além das constantes ameaças e as torturas feitas a outros detentos e, via de regra, a ele.

Por várias vezes ele tentou fugir da ilha, seja por botes, a nado e até por bóias improvisadas; além dele, vários de seus amigos também tentaram fugir para a costa americana, muitos morrendo no caminho. O autor conta que, desde a vitória de Fidel, as fugas da ilha tornaram-se numerosas, mas após a consolidação do poder comunista se tornaram em demasia recorrentes, um verdadeiro êxodo. 

Ele próprio tenta este êxodo, agora, por via estrangeira, ele que, por conta de seus escritos tornarem-se famosos, principalmente na França, uma amiga francesa tentou viabilizar um visto para que ela saísse do país através de uma incursão ilegal. 

Não obstante, depois de milhares de humilhações públicas, fugas alucinantes e, após ser caçado como animal, ele consegue um visto de extradição, visto este onde foi cravado o irrevogável julgo: ele estava sendo expulso por ser homossexual. Já nos anos de 1980 ele desembarcaria nos EUA como exilado.

Nos Estados Unidos ele inicia uma batalha para denunciar o que sofreu, não obstante, longe de ser um capitalista, algo que ele negava com veemência, negando também o comunismo — apesar de conseguirmos perceber suas tendências políticas dirigidas mais à esquerda do que à direita. Seus escritos ganharam certa visibilidade o que faz ele conseguir, durante um tempo, entre conferências e vendas de livros, ter uma vida satisfatória. Mas aos poucos ela torna-se nada fácil, fazendo com que ele viva constantemente de favores de amigos. 


Não obstante tantos reveses, dizia ele: só de saber que possuía a liberdade de falar sem ser calado por uma força policial já é algo grandioso. Acabou por contrair HIV, e, na solidão de sua casa, ao lado do manuscrito revisado deste livro, ele se suicida. Sem esperar que com esta obra ele ganhe nada além de compreensão e libertação ao seu povo.

O que torna esta história tão importante são três fatores: Primeiro, a desmistificação da liberdade e igualdade cubana. Este paraíso só existe nas mentes dos professores marxistas que, na sua grande maioria, nunca pisaram em Cuba e quando foram pisaram, tão somente, dentro das cidades modelo, ou seja, as cidades feitas e enfeitadas para que os estrangeiros alimentem suas utopias comunistas, e rasgarem suas promiscuidades com a já conhecida prostituição cubana. Já havia lido outras críticas à Cuba, entretanto críticas de homens claramente tendenciosos quanto suas opiniões políticas mais conservadoras. O que claramente não é o caso de Arenas. Reinaldo Arenas sempre se declarou crítico ao capitalismo e, mesmo após as perseguições comunistas, se declarava socialista. Uma crítica genuína sem interesses comerciais ou ideológicos, afinal, ao fim da obra ele se suicidou.

Segundo, não há outra tipificação possível para esta ilha a não ser de uma CRUEL DITADURA, as perseguições relatadas pelo autor são de arrepiar. De assassinatos à campos de trabalhos forçados; de perseguição cultural a perseguição descarada aos homossexuais — pelo simples fato de serem homossexuais. Li muitas críticas politicamente liberais sobre a Cuba comunista, mas, e quando temos uma visão crítica tão devastadoras de um Cubano socialista que sofreu perseguição na própria ilha cubana, quais as desculpas? Quais as defesas para esta ditadura?

Terceiro, ao ler este livro pela primeira vez, eu estava muito encantado com a visão comunista de igualdade e zero miséria, muito por influência de uma professora comunista no ensino médio. Este livro, no entanto, foi o que me tirou do torpor ideológico e afastou de mim todo o utopismo que esta professora me pintou sobre uma Cuba igualizada, de educação exemplo para todos os países e de respeito humano a todos os cidadãos. Dizia ela que lá não havia cheiro de miséria, sendo que Arenas nos relata zonas de extrema pobreza e prostituição na Cuba de Fidel, ele mesmo toca no assunto tão conhecido das “cadernetas”, as diretrizes dadas pelo governo sobre o quê, e a quantidade de alimento que você pode angariar por mês.


Após ler este livro eu busquei ser mais crítico em minhas opiniões, e só depois de dois anos que fiz a leitura desta obra eu tive a coragem de não mais aceitar o socialismo como uma opção razoável. Reinaldo Arenas me trouxe para a realidade enquanto saía da vida, de forma trágica, é verdade. Não concordo em tudo com Reinaldo arenas, seja em suas atitudes morais e políticas, mas se entendêssemos que Reinaldo foi apenas um dos milhares que morreram para que a verdade fosse dita, nunca mais ousaríamos defender esta ditadura. A cada elogio mentiroso dado a cuba, a cada justificação política que damos a esta ditadura sanguinária, fazemos com que mais um grito abafado de um cubano desesperado se faça perder nas lacunas pútridas de nossos discursos utópicos. Deus o abençoe Reinaldo Arenas por tamanha coragem!

Pedro Henrique Alves
filósofo, estudioso de política e palestrante; não coloca-se em nenhum enquadramento ideológico.


Referência:

[1] ARENAS, Reinaldo. Antes que anoiteça, 1ª ed. Rio de Janeiro RJ: Edições Best Bolso, 2009