Antes de adentrarmos ao tema convém esclarecer o
que é “streaming”. Streaming é uma tecnologia que envia informações multimídia, através da transferência
de dados, utilizando redes de computadores, especialmente a Internet,
e foi criada para tornar as conexões mais rápidas.
Um exemplo de streaming,
é o site Youtube ou a Netflix, que utilizam essa tecnologia para trasmitir
vídeos em tempo real.
Em inglês, a palavra stream significa
córrego ou riacho, e por isso a palavrastreaming remete
para o fluxo, sendo que no âmbito da tecnologia, indica um fluxo de dados ou
conteúdos multimídia. Muitas pessoas assistem filmes, seriados ou jogos de
futebol em streaming.
O live
streaming permite que o utilizador veja um
programa que está sendotransmitido ao vivo.
Existem também a possibilidade de transmitir um evento através do live
streaming, para que pessoas que estão longe possam assistir.
O trailer do novo filme de Will Smith parece ser
um estouro de bilheteria à espera de acontecer. Alienígenas e humanos convivem
numa Los Angeles do futuro. "Bright" tem perseguições motorizadas,
explosões e diálogos sarcásticos. O orçamento também é digno de um grande
estúdio: custo de produção estimado em US$ 90 milhões.
Mas "Bright"
não será lançado nos cinemas. Estará disponível só no serviço de streaming
Netflix, que está sacudindo a hierarquia de Hollywood e das redes de TV ao
oferecer entretenimento on demand a assinantes pelo mundo.
A Netflix é uma
compradora nova de material original, e gasta mais de US$ 6 bilhões ao ano em conteúdo. Em geral
faz ofertas superiores às dos estúdios e de redes tradicionais de TV. Nesta
semana, anunciou a primeira incursão televisiva dos irmãos Joel e Ethan Coen,
um western em seis episódios. Neste ano, obteve 91 indicações ao Emmy.
A companhia se tornou
gigante no setor de entretenimento em período curto. Começou como locadora de
DVDs via correio e se tornou
gradualmente streaming. Em 2012, quando lançou a primeira série, "House of
Cards", tinha 30 milhões de assinantes.
Sua expansão global já
soma 104 milhões de assinantes em mais de 190 países e valor de mercado de US$
74 bilhões.
É possível sustentar uma ascensão assim tão
rápida? Empresas que dominam a produção e distribuição tradicional estão
tentando contra-atacar uma rival que depende pesadamente de empréstimos.
A Disney, maior
companhia mundial de mídia, anunciou que retirará
seus filmes de animação da Netflix em 2019 e criará seu próprio streaming.
Rivais dotados de
recursos fortes, como a Amazon, concorrem com a Netflix e, por consequência,
elevam os custos de compra e produção.
Embora a receita anual
tenha crescido acentuadamente, para US$ 8,8 bilhões, e a empresa não esteja no
vermelho, ela recorre pesadamente a captação. A estratégia preocupa parte do
mercado.
A ascensão coincidiu com
o surgimento do "corte de cabos" nos EUA –o cancelamento de
assinaturas de TV a cabo ou por satélite, após décadas de alta das assinaturas.
Para o mercado, o
consumidor mostrou que não quer mais assistir conteúdo de modo linear, ver
anúncios e que não se importa com o conceito de canais como marcas.
A estratégia de produção
e distribuição da Netflix tem resistência de parte de Hollywood, já que não
lança seus filmes em cinema preferindo ir diretamente para o streaming.
Mas a julgar pelas
indicações ao Oscar de seus documentários, como "13th", de Ava
DuVernay, e pela recente rodada de indicações ao Emmy, a Netflix se estabeleceu
com força junto aos críticos.
Do ponto de vista
financeiro, porém, persistem os temores de que as dívidas possam se tornar
problema, especialmente se o crescimento das assinaturas desacelerar ou se os
custos de captação subirem.
A empresa diz que pode
cortar os custos, mas que não se preocupa com gastos. O presidente-executivo,
Reed Hastings, declarou que o nível de endividamento atual da companhia é um
indicador de desempenho positivo no futuro.
"Um fluxo de caixa
negativo será indicador de enorme sucesso", disse Hastings.
A despeito do avanço dos
concorrentes e de outras dificuldades, a empresa revolucionou o streaming
continua crescendo. Mas se tornou alvo, e esse alvo só vai crescer.
Fonte: MATTHEW GARRAHAN
'FINANCIAL TIMES'