22 de ago. de 2017

Delícias da Confeitaria Francesa e seus Pequenos Segredoss

A confeitaria francesa, embora já existisse tinha uma base bastante rudimentar, só atingindo o seu ápice no final do séc. XIX. Contudo, o exercício dessa profissão ainda exigia enormes sacrifícios de seus adeptos, com uma infinidade de operações manuais, como bater claras, afinar o açúcar, quebrar amêndoas, além de exigir extremo cuidado na manipulação e conservação dos produtos, o que resultava, muitas vezes, em intoxicações mortais. O tempo passou e as técnicas evoluiram...
Foi nesse período que surgiu a tradicional e ainda hoje existente Fauchon de Paris, considerada a delicaterssen de maior prestígio no mundo, e as primeiras escolas de cozinha: Le Cordon Bleu e Ritz Escoffier, tendo sido Auguste Escoffier o chef que profissionalizou a cozinha francesa, ao criar setores interdependentes, tais como: garde-manger, entremettier, rotisseur, saucier e patissier; A base da cozinha moderna.
Gaston Lenôtre reverenciado como o “pai da Nouvelle Pâtisserie”, pesquisador incansável, autor de Meringue d’Automne, Gâteau Concorde, Charlotte Cécile; fundador da l’École Lenôtre destinada particularmente, ao aperfeiçoamento de profissionais; e de um complexo gastronômico com Café, Traiteur e Boutique –  é o referencial para todos os grandes astros que figuram no cenário gastronômico mundial hoje em dia, como Pierre Hermé e François Payard.
O  boom da confeitaria francesa, no final do séc. XX,  trouxe as tortas montadas em aros, com bases de dacquois e biscuit joconde, mousses, bavarois, combinações inusitadas de especiarias e frutas exóticas. Os irresistíveis Gâteaux d’entremets parecem se perpetuar na sutileza dos sabores, texturas e formas surpreendentes e na riqueza inesgotável de detalhes. A inspiração para tanta criatividade repousa, enfim, em suas próprias tradições.
Por trás dos sabores deliciosos também se escondem histórias...

Éclair (A bomba) Diz-se que ela deve ser devorada em um flash! E esse é, sem dúvida, a origem do nome - éclair - desse doce tipicamente francês. A bomba tem tudo para agradar: uma massa choux, de forma alongada, coberta com creme de confeiteiro. Chocolate, café, baunilha: os aromas em destaque de uma delícia untuosa criada pelo célebre confeiteiro Marie-Antoine Carême, apresentado como "o rei dos chefs e o chef dos reis" no século XIX.
 A madeleine A Madeleine não é somente o nome de uma soberba igreja do centro de Paris! É também um clássico da confeitaria francesa. Um bolo tradicional feito de ovos, em forma de concha e originário da Lorraine. Na Idade Média, já se fabricavam pequenos bolos de ovos moldados em vieiras, o emblema da peregrinagem à Santiago de Compostela. Seu objetivo? Alimentar os peregrinos a caminho de Compostela. E Madeleine que ofereceu aos viajantes essa suculenta sobremesa. Marcel Proust imortalizou essa doçura, que evoca a nostalgia desde então, em referência à sua obra-prima "Em busca do tempo perdido".
O mil folhas Peguem as calculadoras: 3 camadas de massa folhada, dobrada de 6 a 10 vezes, cada camada formando 300 a 400 folhas... Seu paladar recebe milhares de camadas finas crocantes, decoradas com creme de confeiteiro e cobertura de açúcar branco. A paternidade do mil folhas é razão de debate. Para alguns, ele foi inventado pelo cozinheiro François Pierre de La Varenne, que o descreve em sua obra Cuisinier françois (Cozinheiro Francês), em 1651, e depois aperfeiçoado por Carême. Mas, para muitos confeiteiros profissionais, o mil folhas só foi verdadeiramente criado em 1867 na confeitaria de Adolphe Seugnot, então situada na rua du Bac em Paris. Qualquer que seja a origem, essa sobremesa, muito crocante, constitui um verdadeiro símbolo da confeitaria francesa além das fronteiras, onde às vezes é chamado de Napoléon.
Torta ópéra Eis um grande clássico da confeitaria francesa! A torta ópera acerta seu paladar com uma sucessão de biscoitos embebidos em um xarope de café, de ganache, de creme de manteiga com aroma de café, todo recoberto por um banho de chocolate. A torta ópera nasceu da vontade de prestigiar a confeitaria francesa: o confeiteiro parisiense Cyarique Gavillon, que trabalhava para a casa Dalloyau, concebeu, em 1955, um bolo com um baixo teor de açúcar, sem álcool, e exibindo uma forma retangular para um resultado vanguardista. 
Paris-Brest. O Le Paris-Brest e a... bicicleta tem um ponto em comum. É um bolo elaborado à base de massa folhada, em forma de roda, furada no meio e coberta comcreme praliné. O Paris-Brest, que  tem esse nome desde 1891, foi inventado por um confeiteiro que, antigamente, tinha uma loja no percurso da famosa corrida ciclísitica Paris-Brest.

Fonte: A Tout France  - Getty Images  / Professional Pastry Chef – Bo Friberg