31 de mar. de 2015

Bodyboard: Campeão do mundo pelo Vasco e dono de 6 títulos mundiais,Gulherme Tâmega anuncia aposentadoria




Após quase 30 anos desistiu de brigar pelo sétimo título mundial depois de 13 anos passando em branco. Hexacampeão mundial, ele ainda tem na bagagem seis títulos brasileiros e foi seis vezes o segundo melhor do mundo. Criado nos "caixotes" do Posto 5, em Copacabana, lugar que o fez perder o medo das ondas grandes, Tâmega vive há 10 anos na ilha havaiana de Oahu. A praia de Pipeline se transformou no seu quintal de casa e hoje o bodyboarder prefere surfar apenas por prazer. 


Tâmega conta que sempre foi movido a desafios. Para ele, não importava apenas vencer. Queria ser fenomenal. Mas, como não estava encontrando a motivação de outrora no mar, hoje ele começa a construir um futuro em outra praia. 


- Não pretendo competir mais. Competi o circuito inteiro pela última vez em 2013. Se não for para ganhar, não interessa. Hoje, tenho a minha marca de pranchas e estou dedicado a ela. Eu desenho as linhas, mas não "sharpeio" (produz as pranchas) - contou Guilherme Tâmega. 


O havaiano Mike Stewart, nove vezes campeão mundial, dono de 11 títulos em Pipeline e pioneiro da modalidade, foi um de seus principais adversários. Ele dominou o bodyboard nos anos 80 e início da década de 90. Uma época de grande rivalidade com o compatriota Ben Severson, que acabou esfriando depois do carioca aparecer no cenário internacional. Em 1994, Tâmega levantou o seu primeiro caneco no Havaí. O estilo forte de velocidade, com as manobras executadas na crista da onda, seja de meio metro ou de quatro, sempre foram suas marcas. A última taça que ergueu foi em 2002, quando ainda era solteiro e morava em Copacabana. Foi lá que ele começou a aperfeiçoar a sua técnica, ainda sem prancha, no chamado "jacaré" (surfe de peito). 


Tâmega pegou a sua primeira onda de bodyboard na praia batizada de "Princesinha do Mar", aos 12 anos, depois de ganhar uma prancha de presente do pai. Os dois haviam passado em uma antiga loja de departamentos e o menino estava ávido para estrear o brinquedo. Como já era quase noite, ele foi levado até a areia pelos irmãos mais velhos. Mesmo sem o pé de pato, que funciona como uma quilha para dar mais estabilidade, ele se jogou no mar e nunca mais parou. Na época, era tudo uma brincadeira, mas, com o tempo, os títulos vieram e a história mudou. 


Ao longo da carreira, o carioca passou por altos e baixos, enfrentou problemas de patrocínio, mas escreveu o seu nome na história. Além da lenda Mike Stewart, outros adversários que atravessaram o seu caminho foram Marcelo Siqueira, Ben Holland, André Botha, Damian King e Jeff Hubard. O hexacampeão mundial foi o único surfista a vencer três vezes seguidas um dos eventos mais tradicionais da modalidade, o Shark Island Challenge, perto de Cronulla, nos subúrbios de Sidney, na Austrália. O lugar abriga uma das ondas mais perigosas do mundo e recebe uma das etapas do circuito. A última vez que Tâmega correu temporada completa do Circuito Mundial foi em 2013. 


Hoje, Guilherme é casado e mora com a mulher, a personal trainer Daniele, e os dois filhos, Kim e Kyron, no Havaí. Morando na ilha de Oahu, ele tem se dedicado à família e à sua marca de pranchas. Ele não fabrica os equipamentos com suas próprias mãos, mas desenha as linhas. Em seu perfil no Facebook, Tâmega fez um comunicado emocionando anunciando a sua despedida.