16 de set. de 2016

MOSTRA: PICASSO "MÃO ERUDITA"

Sinopse


Picasso Múltiplo
Mostra na Caixa Cultral reúne 109 obras do mestre espanhol, entre pinturas, gravuras, desenhos, escultura e cerâmicas

Em seus quase 92 anos de vida, o artista plástico espanhol Pablo Picasso (1881-1973) criou, de maneira incessante e compulsiva, uma obra inovadora e inigualável na história da arte. Celebrado como o gênio cubista de obras-primas como “As senhoritas de Avignon” (1907) e “Guernica” (1937), o malaguenho produziu milhares de peças nos mais variados suportes durante sua vasta carreira, entre pinturas , esculturas, desenhos, cerâmicas e gravuras. E é esse artista múltiplo, inquieto e incansável que a exposição “Picasso: mão erudita, olho selvagem” — em cartaz na Caixa Cultural desde terça, onde fica até o dia 20 de novembro — descortina ao público carioca.

Formada por peças do Museu Nacional Picasso-Paris, cuja maior parte da coleção é proveniente do acervo particular do próprio Picasso, a exibição tem curadoria de Emilia Philippot, de 34 anos, também curadora da instituição francesa.
Depois de passar por São Paulo, onde levou quase 400 mil pessoas ao Instituto Tomie Ohtake, a mostra traz ao Rio grandes trabalhos, como a escultura “Violão” (1924) e os quadros “Homem com violão” (1911), “Duas mulheres correndo na praia” (1922), “Banhistas jogando com bola” (1928), “Mulher chorando VII” (1937), “A cozinha” (1948) e “O beijo” (1969). No total, são 109 peças: 27 pinturas, 8 esculturas, 42 desenhos, 12 cerâmicas e 20 gravuras. Também enriquecem o mergulho no processo criativo de Picasso fotos de Pierre Manciet e de seu parceiro Andres Villers.

As dez seções da retrospectiva, organizadas cronologicamente, apresentam as diversas facetas do mestre espanhol; do jovem adolescente precoce que dominava os segredos da pintura, passando pelo revolucionário cubista e engajado, ao maduro senhor ainda apaixonado por mulheres e pela vida, que tirou arte de qualquer material até o último suspiro.
— Depois de comer um peixe, ele transformava a espinha em arte. Ele aproveitava tudo. Cada vez que criava algo, caso a peça tivesse alguma particularidade, ele a guardava. Quando Picasso morreu, sua família pagou os impostos da herança com obras dele, que viriam a formar o Museu Picasso-Paris. Por isso dizemos que esses são os “Picassos de Picasso” — explica Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake, idealizador da mostra. 

Para o crítico de arte e professor do departamento de história da PUC-Rio Ronaldo Brito, Picasso foi o artista moderno por excelência:

— O que lhe interessava era formar e transformar. É o homem que quebrou a forma, cuja pulsão do fazer artístico responde também à era da máquina, à velocidade da vida moderna. Ele encarna a definição de “trans-formação”, com hífen mesmo. A amostragem exibida é significativa, não secundária. Quando saímos da última sala, só temos uma vontade: voltar.
1. O primeiro Picasso — Formação e influências

Destaques: “O homem de boné” (1895) e  “Café-concerto do Paralelo” (1900)

2. Picasso exorcista — As senhoritas de Avignon

Destaques: “Rapazinho nu” (1906), a escultura protocubista "Nu sentado" (1908) e os estudos para “As senhoritas de Avignon” (1907).

3. Picasso cubista — O violão

Destaques: "Homem com violão" (1911) e a escultura “Violão” (de 1924, ao lado).

4. Picasso clássico — A máscara da antiguidade

Destaques: “Duas mulheres correndo na praia” (1922) e "O baile da aldeia" (1922).

5. Picasso surrealista — As banhistas

Destaques: “Jogadores de bola na praia” (1928) e “Grande banhista com livro” (1937).

6. Picasso engajado — ‘Guernica’


Destaques: “Mulher chorando VII” (1937) e projeção do curta "Guernica" (1950), de Alain Resnais e Robert Hessens.

7. Picasso na resistência — Interiores e vanitas

Destaques: o autorretrato “O artista diante de sua tela” (1938) e "A cozinha" (1948)..

8. Picasso múltiplo — A alegria da experimentação

Destaque: seção de cerâmicas, como “Coruja com cabeça de mulher” (1953). 

9. Picasso trabalhando — ‘O mistério Picasso’


O nono módulo, na sala 2 do cinema da Caixa, exibe o documentário “O mistério Picasso” (1956), de Henri-Georges Clouzot, que registra o mestre trabalhando em seu estúdio, e “La vie commence demain” (1949), de Nicole Védrès, em sessão dupla (segunda a sexta, às 18h15m e às 20h15m; sábado e domingo, às 10h30m, às 13h, às 15h30m e às 18h).

10. O último Picasso — O triunfo do desejo


Destaques: “O beijo” (1969) e “O jovem pintor” (1972).

Serviço:

“Picasso: mão erudita, olho selvagem” 

Caixa Cultural. Av. Almirante Barroso 25, Centro — 3980-3815. Ter a dom, das 10h às 21h. Excepcionalmente, por causa da greve dos bancários, a visitação acontece de terça a sexta, das 18h30m às 21h; e aos sábados e domingos, das 10h às 21h. De sexta a domingo, a ação interativa Painting Experience promove a criação de telas digitais. Até 20 de novembro. Grátis. Livre.

Creditos: Sérgio Luz - O Globo